16 de abril de 2012


Os apoiantes dos parquímetros

A arte de distorcer

Os parquímetros, essa arte de distorcer as relações sociais e económicas de uma cidade, tornaram-se numa praga que resulta em grande parte da má gestão do território, na forma como deve ser usado para servir a população e as forças económicas.
Com o advento das grandes superfícies comerciais, que pela sua dimensão e razão de custos procuraram as periferias, começou a agonia dos centros das cidades e vilas e, por consequência directa, da sua base económica e residencial.
A mesma disposição para licenciar os espaços de grandes dimensões, por razões que são menos claras e hoje não podem ser escamoteadas, não corresponderam à disponibilidade de construir as infra-estruturas de apoio e serviço da população. Os residentes e comerciantes da baixa de Faro não perderam a memória.
As grandes superfícies até associaram ao projecto a hipótese de ganharem dinheiro com o estacionamento mas, rapidamente perceberam a grande arma que lhes facilitava a vida.
A introdução de regras de ordenamento, se farão sentido em cidades de grandes dimensões para controlo do tráfego e defesa do património, nas cidades com a dimensão de Faro são uma medida oportunista de criação de receitas para os devaneios das autarquias.
Argumentar que os trabalhadores dessas áreas centrais estão excluídos do uso dos espaços é inaceitável, porquanto são contribuintes do erário e consumidores.
A baixa de Faro, até à implementação da nova dose de parquímetros, já se encontrava numa depressão que os autores do projecto ignoraram e têm deixado correr ao desespero. No contexto de crise, os resultados só poderão piorar.
Confundir leituras académicas e o oportunismo que rapidamente se associou com a realidade, subverte o debate e a injustiça da medida.
Curiosamente, os autores da defesa dos parquímetros, cujas receitas são incomensuravelmente menores às perdas do centro da cidade, nunca sobre tal tomaram qualquer atitude. Fica a nota.

Luis Alexandre

(Este artigo foi gentilmente publicado no blogue "A Defesa de Faro", em resposta directa a outro da autoria do arquitecto Paulo Charneca)

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